quarta-feira, 30 de julho de 2014

Lynched - Cold Old Fire

Lynched
"Cold Old Fire"
Irlanda, 2014
[Independente]


Sem a intenção de resgatar os tempos épicos da mitologia celta, Lynched cria em Cold Old Fire um folk sincero, autêntico e sem frescuras.

Quando o assunto é música tradicional irlandesa, as primeiras coisas que me vêm à cabeça são gaitas, flautas, espadas, mãos de prata e por aí vai. Pode ser uma visão um pouco preconceituosa, admito. Também confesso que não sou muito adepto a trabalhos desse tipo, mas Lynched tem algo especial. Algo que chama e prende a atenção.

O que hoje é um quarteto começou como um duo, composto no início dos anos 2000 pelos irmãos Ian e Daragh Lynch, e com a intenção de criar uma mistura entre folk e punk. Após um tempo, o interesse pela música tradicional cresceu e os músicos Cormac Mac Diarmada e Radie Peat, que inicialmente colaborariam em "uma ou duas faixas", como a própria biografia define, se juntaram à dupla.

Nas doze faixas de Cold Old Fire, onze histórias são contadas - "Lullaby" é a única instrumental. "Henry My Son" abre o álbum de forma suave e cresce ao longo de seus seis minutos e meio de forma viciante. Com a letra em mãos, é uma tarefa difícil não cantar junto, assim como as alegres "Daffodil Mulligan" e "Salonika" e a acapella "Father Had a Knife". Os versos variam da típica irreverência irlandesa até as depressões da cidade, como a belíssima faixa-título retrata, e do campo, como em "What Put the Blood", "The Old Man from the Sea" e "The Tri-Coloured House".

Embora seja um elemento criticado atualmente, a repetitividade é muito bem utilizada, pois transforma estrofes em coros com bastante facilidade. A única exceção é "Cold Days of February". Com isso, poderia ser a única faixa com um tom cansativo, dado os seus oito minutos e meio de duração, mas a simplicidade e a pureza da dupla voz-violão não deixa o ouvinte desviar a atenção. E para fechar, "Love is Kind" deixa um imaginário de fim de noite, ainda mais com o verso 'Oíche Mhaith' (boa noite em irlandês). Vale a pena escutar até o fim. Mesmo.

Cold Old Fire é um álbum tocante. Ele consegue te animar nas faixas alegres e te deixar pensativo nas faixas sombrias. Um trabalho que causa reação imediata. Um folk para ser apreciado e não ser utilizado apenas como música de fundo para dormir.

8.5
TOP 2014

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