quarta-feira, 25 de junho de 2014

Destiny Potato - Lun

Sérvia, 2014
[Independente]


Em um cenário completamente saturado, Destiny Potato consegue dar novos ares ao djent já no seu álbum de lançamento, batizado de Lun.

Quando um gênero (ou um subgênero, o que for) está em alta, e necessário muito cuidado. A qualquer momento, ele pode entrar em colapso por saturação. Dezenas de bandas tocando o mesmo estilo com a mesma técnica e lançando discos com a mesma temática. Ao reunir esses fatores, a falta de objetividade é iminente. E quem acompanha o djent já percebeu que a cena está seguindo esse caminho. Por sorte, podemos esboçar um sorriso com Lun, o debut da banda sérvia Destiny Potato.

Sob a liderança do guitarrista David Maxim Micic, os riffs característicos se manifestam, mas diferente de praticamente todas as bandas e projetos, não são o elemento principal. Eles simplesmente adicionam peso às músicas e criam um contraponto com os vocais femininos de Aleksandra Djelmas. Eis um grande ponto a destacar. Vocais femininos. Raríssimo de se ter no djent. Com uma excelente afinação para as notas limpas e altas, Aleksandra dá um novo toque às agressividades de Micic, Milan Jejina Yeqy (bateria), Bojan Kvočka (baixo) e Dusan Vanja Andrijasevic (guitarra).

A abertura "The Build Up" é totalmente eletrônica e seus vocais mínimos já revelam o refrão da faixa seguinte, "Indifferent". "Take a Picture" é um revival ao nu metal do início do século com seus grooves de altos e baixos contagiantes, além de mostrar o outro lado de Aleksandra. Em seguida, já temos um interlúdio. "Machine" mistura o ambiental etéreo com a sutileza dos violões e abre portas para "Love Song", uma canção nem tão romântica assim.

Todas as faixas possuem algum diferencial, mas os grandes destaques vão para "Lunatic", que resgata a origem sérvia da banda através do acordeon e impõe um ritmo de tango às guitarras, "Walls of Thoughts", que recebe um tom dramático com a sua construção ascendente, e "House of Lies", que incorpora arranjos clássicos a uma balada. "Addict", a última faixa do álbum, mostra a faceta mais progressiva do conjunto. Embora bem entrosado, o som apresenta confusão em algumas seções, o que torna as quebras de ritmos mais anormais do que deveriam ser.

Lun é belo e diferente por tirar o espaço excessivo das guitarras e permitir a construção de algo mais coeso entre os outros instrumentos. Suas faixas que vão da alegria à desolação criam uma ótima solidez e dão novos ares ao djent, ou ao menos adiam a sua morte.

9.7
TOP 2014


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